Os arcos dos pés, parte 2
Os pés e a suas relações com o restante do corpo.
Nota da autora: A parte 1 deste artigo foi publicada em inglês na edição de Junho de 2011 em Structural Integration: The Journal of the Rolf Institute®. Neste, os arcos dos pés e a região inferior das pernas foram discutidas em detalhe. Sua leitura é recomendada para servir de base ao que segue abaixo.
Os pés são parte de um sistema vivo e, como qual, funcionam de forma em que tanto causa e quanto efeito orquestram todo o corpo. Enquanto de um lado eles determinam o que acontece no corpo acima deles, eles também são influenciados de diversas formas pelas partes que estão acima no sistema. Quando consideramos os pés, não é suficiente pensá-los simplesmente em termos estruturais e visualizarmos o equilíbrio estático que eles apresentam quando estamos em pé. Os pés foram feitos para andarmos e a forma dos pés é o resultado direto da forma como o peso, propulsão e a transferência de peso é feita através dele. Portanto, ao considerarmos os pés sem pensar em movimento é apenas termos metade das ferramentas necessárias para ajudar o cliente a realizar uma mudança duradoura. A transferência de peso através dos pés tem tudo a ver com a sua relação com o restante do corpo.
Há duas qualidades de transferência de peso, cada uma delas é essencial na sua forma para uma marcha fluida e saudável: a transferência de peso através do plano sagital, do toque do calcanhar á saída do hálux (impulsão), propulsionando o corpo à frente no espaço e há também o movimento triplanar de inversão/eversão, que acontece na articulação subtalar, predominantemente no plano coronal. A combinação do movimento sagital do calcanhar ao hálux e o movimento coronal na articulação subtalar é responsável pela transferência de peso a partir do arco lateral, do toque do calcanhar ao arco medial na saída do hálux. Este movimento diagonal, atravessando o pé, acentua o equilíbrio da perna de apoio para a outra perna, que se tornará posteriormente a perna de apoio e é essencial para o movimento contra lateral e o equilíbrio da abdução-adução através do corpo.
Um dos fatores mais importantes para a constituição dos pés é a forma com que o peso se transfere através dele, e este parâmetro também interfere o resto do corpo. Em um estudo com mulheres africanas (1) (Sempre citado por Hubert Godard em suas aulas sobre função Tônica), pesquisadores descobriram que estas mulheres, quando carregavam trinta quilos enquanto andavam, utilizavam muito menos energia ao caminhar longas distâncias do que quando não carregavam este peso. Por que isso? O peso da carga carregada pelas mulheres ativava o reflexo de alinhamento da cervical, ativando o músculo longo do pescoço, que faz com que o sistema de estabilização do core entre em ação. Quando a musculatura de estabilização do core está em funcionamento, a transferência de peso através dos pés se modifica e isto leva a uma economia geral da função, que através deste estudo pode ser objetivo e mensurável.
As relações chave dos pés
Nesta seção, vamos examinar os pés em relação aos três principais segmentos e funções do corpo: o centro de gravidade principal, o centro de gravidade superior, os olhos e o sistema vestibular.
Os pés e o Centro de gravidade principal
O centro de gravidade principal, também conhecido simplesmente como G, é o centro de massa de todo o corpo e está localizado no abdome, ligeiramente abaixo do nível do umbigo. A relação do centro de gravidade principal com os pés determina quanto peso será transferido através do pé no plano sagital, de frente para trás. No melhor dos mundos, ele passa diretamente sobre o centro do pé no movimento unipodal da marcha. Entretanto, se o centro de gravidade principal estiver muito anterior ou posterior à articulação de Chopart (tarsal média) no toque do calcanhar, o alinhamento do centro de massa e o centro do pé não ocorrerá, causando uma série de alterações pelo corpo.
Quando o centro de massa principal estiver muito posteriorizado à articulação de Chopart durante o toque do calcanhar, o cliente andará pesado sobre os calcanhares. Haverá muitas repercussões deste padrão que podem resultar em esporões calcâneos, devido ao excesso de impacto. A ação do psoas ao caminhar também está muito relacionada ao flexionar do hálux (toe hinge). O leitor pode perceber este efeito por si, caminhando sem utilizar os hálux e perceber o que acontece com o psoas – daí contrastadamente permitir o flexionar do hálux para ativar o psoas e observar seu efeito. Quando o centro de gravidade principal estiver posterior, o psoas também atua como um músculo tônico, ficando fixo em sua inserção distal e móvel em sua inserção proximal, para prevenir que o tronco recaia para trás, sobre o suporte inferior do corpo.
Outro efeito há quando há G está posterior à articulação tarsal média, é que o tibial anterior começa a ser excessivamente ativado no esforço de alavancar a parte anterior do corpo sobre o pé. O tibial anterior, pela natureza de sua inserção, abaixo do primeiro cuneiforme e metatarso, é um supinador do pé. Quando excessivamente em contração, ele acaba segurando o pé em supinação, que faz com que o pé acabe não realizando o movimento triplanar de inversão, dessa forma impedindo a muito importante dinâmica de inversão e eversão do pé.
Quando o tibial anterior está cronicamente contraído, como acontece neste padrão, ele acaba se unindo com o extensor longo dos dedos e o extensor longo do hálux, fazendo com que os dedos fiquem suspensos. Como foi explicado na parte 1 deste artigo, quando os dedos não encontram o chão, o arco dos metatarsos (a ventosa) se planifica e o aspecto vital do suporte para a fase de impulsão da marcha e a estabilidade da articulação subtalar se perde.
No padrão oposto, quando G está anterior a articulação de Chopart, este é percebido quando na marcha a parte de trás do calcanhar já se eleva antes da passagem do peso do calcanhar para a parte da frente do pé acontecer. A pessoa que possui G anteriorizado nos dá a impressão de estar sempre sobre as “bolas dos pés”. Neste padrão, há uma contração crônica do músculo sóleo, para não permitir que o corpo caia a frente do pé. O sóleo é um “absorvedor” de impacto da perna para quando pulamos, aterrissamos e corremos. Quando está em estado de contração crônica, a absorção de impacto é perdida e o impacto no sistema todo consequentemente aumenta. O sóleo também segura o calcanhar em um padrão varo (inversão), permitindo que o pé se amacie para palpar e se ajustar ao chão. Também, como o calcanhar está menos ativo e menos em contato com o chão, a espiral dinâmica que ocorre através do eixo longitudinal do pé logo após a impulsão, se perde.
Os pés e o centro de gravidade superior
O centro de gravidade superior – que é um centro de gravidade local para o tronco, cabeça e braços – é conhecido como G’ (G linha). Seu local é mais ou menos na altura da junção médio torácica, em frente a área de T4-T5. G’ é um centro também, de relações: ele se move para frente ou para trás em resposta ao nosso espelhamento e na relação com os outros. Quando o centro de gravidade alto está em posição neutra, ele se situa entre o centro de uma linha que une as duas articulações dos quadris. Assim como o centro de gravidade principal, ele tem a tendência de se deslocar anterior ou posteriormente de sua linha neutra e quando o corpo se prepara para se mover esse deslocamento do neutro traz consequências nos pés. O deslocamento de G’ afeta diretamente a transferência de peso diagonal através do pé e a dinâmica de inversão e eversão.
Como isso acontece? Quando G’ se desloca para trás de seu ponto neutro, os fêmures tendem a rodar externamente. Quando G’ se desloca à frente do neutro, os fêmures rodam internamente. Caso você queria sentir, é bem simples causar este efeito: levante-se, deixe o G’ atrás e dê alguns passos – você sentirá os fêmures rodarem externamente nos primeiros passos. Deslocando G’ a frente causará o efeito oposto – mais uma vez, com mais alguns passos você sentira os fêmures rodarem para dentro.
Quando os fêmures giram para dentro durante a fase de balanço da marcha, há um deslocamento em favor da inversão e rotação interna do pé. Isto dá ao pé uma qualidade de casco, por causa da rigidez que acompanha a inversão exagerada. Por outro, quando G’ está atrás e os fêmures rodam para fora, os pés, também em rotação externa na fase de balanço da marcha, tendem a aterrissar em uma eversão.
O pé, sendo uma estrutura elástica e adaptável, se estrutura pela forma com o qual é utilizado. Se ele aterrissa em eversão e a transferência de peso nos pés também acontece em eversão, ele reage criando um padrão compensatório oposto de inversão e rigidez. Isto é o que acontece com um cliente que tem um pé varo (arcos altos e presos), porém quando o cliente solta os arcos de repente, os pés desmoronam no padrão oposto, de valgo. Este tipo específico de arcos altos e fixos é mais complexo de tratar do que o varo verdadeiro, pois para atingir um alto nível de equilíbrio os dois padrões devem ser tratados, junto com a tendência do cliente de se mover com o centro de gravidade superior posteriorizado.
Os pés, os olhos e o sistema vestibular
O posicionamento tanto do centro de gravidade alto como o baixo tem muito a ver com o funcionamento do sistema vestibular, ou mais especificamente do sistema otolítico, parte do sistema vestibular que lida com nossa percepção de onde estamos com relação à força da gravidade. O sistema otolítico trabalha com os pés e os olhos para nos dar a percepção de onde estamos no espaço e na gravidade.
Este sistema pode ser inibido por diversos fatores como envelhecimento, traumas, grandes acidentes, para citar alguns nomes. Quando a informação vestibular é inibida, o corpo reage da mesma forma que quando está caindo e se preparando para o impacto: as articulações dos quadris e tornozelos flexionam e se seguram. Não é incomum para problemas das articulações dos quadris, em sua raiz, um sistema otolítico que não está funcionando tão bem. Quando a sensação de verticalidade com a gravidade é inibida, sofrem também os quadris e os pés. Assim como corpo tem uma sensação inconsciente de insegurança que vem da relação com a gravidade diminuída, tanto a postura quando a marcha mudam. A cabeça vem à frente da linha de gravidade e os passos encurtam, isto é facilmente observado em idosos cujo sistema vestibular foi prejudicado pelo envelhecimento. Quando os passos encurtam, a mobilidade do pé não é mais utilizada e muitas articulações dos pés se tornam imóveis e eventualmente rígidas.
Um fator que afeta o sistema otolitico é a forma com que usamos nossos olhos. Uma visão muito central se mostrou inibidora do sistema vestibular no córtex vestibular do cérebro. (2) Na nossa cultura moderna, que é dirigida com foco em performance e também dada a muitas horas em frente a pequenas telas (que fecham o campo visual), uma visão excessivamente central está rapidamente se tornando o uso normal da percepção visual.
Visão periférica e central são processadas em diferentes áreas do cérebro. Visão periférica percebe contexto, movimento e o todo e é processado no tronco cerebral e em áreas subcorticais. Visão central percebe detalhes, foco direcionado e também as cores e é processado no córtex. A visão periférica já foi chamada de “visão postural” e se mostrou permitir um equilíbrio postural mais eficiente. (3) O uso dos olhos tem efeito direto nos pés. Quando mais central a visão, mais o peso do corpo se desloca a frente e ao aspecto medial do pé. A visão periférica sem a central, por outro lado, leva o peso aos calcanhares e aos arcos laterais dos pés. Quando a visão central e periférica se equilibram, o peso tende a se distribuir através do corpo e dos pés de forma mais homogênea. Este efeito da visão e da distribuição do peso sobre os pés pode ser sentido muito facilmente: encontre um local para ficar em pé em que haja a possibilidade de um amplo campo de visão e fique descalço para poder sentir seus pés no chão mais facilmente. Escolha um ponto adiante e foque nele muito intensamente e perceba o que acontece com o peso sobre seus pés. Depois contraste com o que ocorre quando se permite suavizar e ver o todo, em um campo visual amplo, sem focar em nada em particular.
Quando a visão central se sobrepõe a visão periférica, a função vestibular é inibida e seus efeitos se mostram através de todo o corpo, aparecendo como padrões de segurar-se e rigidez nas pernas, perda da linha da gravidade através do pescoço e cabeça e também a mudança da marcha e do comprimento dos passos. Desta forma, os pés têm que ser considerados no contexto do grande tripé de orientação da gravidade (pés, olhos, sistema vestibular) ao qual ele pertence.
Conclusão
O pé é uma estrutura complexa e fascinante. No estudo do pé, a margem entre biomecânica e movimento rapidamente se torna sem sentido. O pé se estrutura pela forma com que é utilizado e a forma com que ele é utilizado é reflexo de todos os fatores que contribuem para o movimento humano, dos níveis estruturais e mecânicos ao psicobiológico. Da mesma forma, as preferências e fixações que surgem nos pés têm efeitos pelo corpo todo. Neste sentido, o pé nos traz inevitavelmente a uma das constatações da Dra. Rolf:
Estou lidando com problemas do corpo, onde nunca há apenas uma causa. Eu gostaria que vocês tivessem mais objetividade nos processos circulares que não agem no corpo, mas são o corpo. O processo corporal não é linear, é circular; sempre, é circular. Uma coisa dá errado e seus efeitos vão, vão e vão. O copo é uma teia, conectando tudo com todo o resto. (4)
Notas de rodapé
1. Levisalle, Nathalie, “Dame Kikuyu a le Fardeau Leger.” Le Monde, June 13, 1995.
2. Brandt, Thomas and Marianne Dieterich, “The Vestibular Cortex, Its Location, Functions and Disorders.” Department of Neurology Klinikum Grosshadern, Ludwig Maximillians University, Munich, [NEED LINK]
3. Berencsi, Andrea, Masami Ishihara, and Kuniyasu Imanaka, “The Functional Role of Central and Peripheral Vision in the Control of Posture.” Human Movement Science, 24, 2005, pp. 689-709.
4. Feitis, Rosemary (ed.), Ida Rolf Talks About Rolfing and Physical Reality. NY: Harper and Row, 1978, pg. 69.
The Arches of the Feet, Part 2
The Feet and Their Relationship to the Rest of the Body
Author’s Note: Part 1 of this article was published in the June 2011 issue of Structural Integration: The Journal of the Rolf Institute®. In it, the arches of the feet and the lower legs were discussed in detail. It is recommended reading as a basis for what follows.
The feet are part of a living system and, as such, play a role in both cause and effect in the orchestra of the whole body. As, on one hand, they determine much of what happens in the body above them, they are also determined in many ways by the more skywardly-placed parts of the system. When considering the feet, it is not enough to simply think of them in structural terms and look at the static balance that they demonstrate in standing. The feet were made for walking and the structure of the foot is a direct result of the way that weight, propulsion, and movement transfer through it. Thus, to consider the feet without also thinking about movement is to only have half the tools necessary to help the client make a lasting change. And weight transfer through the feet has everything to do with the way that the feet relate to the rest of the body.
There are two qualities of weight transfer, each one being essential in its own way for a healthy, fluid gait. Weight transfer through the sagittal plane, from heel strike to toeoff, propels the body forward in space. The triplanar movement of inversion/eversion happens at the subtalar joint, mostly in the coronal plane. The combination of the sagittal movement from heel to toe and the coronal movement at the subtalar joint is responsible for the transfer of weight from lateral arch at heel strike to medial arch at toe-off. This diagonal movement across the foot shifts the balance from the weight-bearing leg to the leg that is to become the weight-bearing leg and is vital for contralateral movement and balance of abduction and adduction throughout the body.
One of the most important formative factors for the foot is the way that weight transfers through it, and these parameters also affect the rest of the body. In a study with African women1 (often quoted by Hubert Godard in his tonic function classes), researchers discovered that when these women carried thirty kilos or more on their heads as they walked, they expended far less energy in walking long distances than when they were not carrying this weight. Why was this? The weight of the burden on the woman’s head called forth the cervical righting reflex, an activating of the longus colli, which calls the core stability system into action. When the core stabilizing muscles are working, weight transfer through the feet changes and this led to an overall economy of function that was concrete and measurable.
The Key Relationships of the Feet
In this section, we will examine the feet in relationship to three of the major segments and functions of the body: the general gravity center, the upper gravity center, and the eyes and vestibular system.
The Feet and the General Gravity Center
The general gravity center, also known as simply G, is the center of mass of the whole body and is located in the abdomen slightly below the level of the umbilicus. The relationship of the general gravity center to the feet determines how weight will transfer across the foot in the sagittal plane, from front to back. In the best of all possible worlds, the center of mass passes directly over the center of the foot in the one-leggedstance moment of the gait. However, if the general gravity center is either too anterior or too posterior to Chopart’s (midtarsal) joint at heel strike, then the alignment of the center of mass and the center of the foot will not happen, causing a series of alterations throughout the body.
When the general gravity center is too far posterior to Chopart’s joint at heel strike, the client will walk heavy on his heels, and there will be little action of the toes in the push-off phase of the gait. There are many repercussions to this pattern. It can result in heel spurs from too much impact on the calcaneus. The action of the psoas in walking is also closely related to the toe hinge. The reader can notice this effect himself by walking without using his toes and noticing what happens to the psoas – then contrasting and allowing the toe hinge to activate and observing the effect of this on the psoas. When the general gravity center is posterior, the psoas often acts as a tonic muscle, becoming fixed at its distal insertion and mobile at its proximal insertion, to keep the trunk from falling back behind the support of the lower body.
Another effect of having G posterior to the midtarsal joint is that the tibialis anterior begins to work overtime in an effort to lever the upper body forward over the foot. The tibialis anterior, by nature of its insertion on the inferior aspect of the first cuneiform and metarsal, is a supinator of the foot. When it works overtime it holds the foot in supination, which prevents the foot from going into the full triplanar movement of inversion, thus impeding the very vital inversion/eversion dynamic of the foot. When the tibialis anterior is chronically contracted, as happens in this pattern, it will couple with the extensor digitorum longus and the extensor hallucis longus. This leads to the toes being held up. As was explained in Part 1 of the article, when the toes can’t find the ground, the metatarsal arch (the ‘suction cup’) flattens and the vital aspect of support for the push-off phase of the walk and the stability of the subtalar joint gets lost.
The opposite pattern, when G is anterior to Chopart’s joint at heel strike, is recognizable by the fact that the client’s back heel lifts off before the heel strike of the front foot has time to occur. The person who has G anterior gives the impression of always being on the ball of the foot. In this pattern, there is a chronic contraction of the soleus to keep the body from falling forward across the foot. Once again, this pattern has repercussions throughout the foot and the rest of the body. The soleus is one of the shock absorbers of the leg when jumping and landing and running. When it is in a state of chronic contraction, shock absorption is lost and increased impact results. The soleus also holds the heel in varus pattern (inversion) and prevents the foot from fully softening to palpate and adjust to the ground. The overall dynamic that emerges is one of a certain rigidity in the lower leg and foot. Also, because the heel is less active and less in contact with the ground, the dynamic spiral that occurs through the longitudinal axis of the foot just before toe-off gets lost.
The Feet and the Upper Gravity Center
The upper gravity center – which is a local gravity center for the trunk, head, and arms – is known as G’ (G prime). It sits at about the level of the mid-thoracic junction, in front of the T4-T5 area. G’ is a center, too, of relationship. It moves forward and back in response to our mirroring of and relating to others. When the upper gravity center is in neutral position, it rests over the center of a line that joins the two hip joints. Like the lower gravity center, however, it tends to have a preference for shifting either anterior or posterior of this neutral line as the body prepares to move, and this shift away from neutral will have direct consequences on the feet. The shifting of G’ directly effects the diagonal weight transfer across the foot and the dynamic of inversion and eversion.
How does this happen? When G’ shifts back behind its neutral point, the femurs tend to rotate externally. When G’ shifts forward of neutral, the femurs tend to rotate internally. If you would like to feel this for yourself, it is quite simple to produce the effect. Stand up, leave G’ way behind, and take a little walk – you will feel your femurs rotate externally within the first few steps. Shifting G’ forward will produce the opposite effect – once again, within a few steps you will feel your femurs begin to rotate internally.
When the femurs rotate internally during the swing-through phase of gait, there is a shift towards inversion and internal rotation in the foot. This gives the foot a hoof-like quality because of the rigidity that accompanies exaggerated inversion. On the other hand, when G’ falls behind and the femurs rotate externally, this brings the foot, as well, into external rotation in the swing phase of the gait, which means that when the foot lands, it tends to land in eversion.
The foot, being a highly elastic and adaptable structure, is formed by the way it is used. If it lands in eversion, and the weight transfers through the foot with eversion as the lead to a situation where the foot reacts by creating an opposite and compensatory pattern of inversion and rigidity. This is what happens with a client who has the varus foot (high, fixed arches) and, when the client releases his arches, suddenly collapses into the opposite pattern of valgus. This particular version of high, fixed arches is more complex to treat than the true varus foot, because to reach a higher level of balance both patterns must be treated, along with the client’s tendency to move with the upper weight center posterior.
The Feet and the Eyes and the Vestibular System
The placement of both lower and upper gravity center has much to do with the functioning of the vestibular system, or more specifically, the otholithic system, the part of the vestibular system that deals with our perception of where we are in in relation to the downward pull of gravity. The otholitic system works with the feet and the eyes to give us our sense of where we are in space and gravity.
The otholithic system can be inhibited by many factors, such as aging, trauma, highimpact accidents, and falls to name a few. When vestibular information gets inhibited, the body reacts in the same way as it does when falling and preparing for impact: the hip and ankle joints flex and brace. It is not uncommon for problems in the hip joint to have, at their root, a less-than-optimally functioning otholithic system. When the sense of the plumb line of gravity suffers, so do hips and feet. As the body feels the unconscious sense of insecurity that comes from a diminished relationship with gravity, both posture and gait change. The head comes forward of the gravity line and steps shorten. This is easily observed in elderly people whose vestibular system has already been damaged by aging. When steps shorten, the full mobility of the foot is no longer used and the many joints of the foot become immobile and eventually fixated. One factor that affects the otholithic system is the way that we use our eyes. Overfocused vision has been shown to inhibit vestibular information in the vestibular cortex of the brain.2 In our modern culture, which is fast, goal- and performance-driven and given to many hours in front of small screens (which narrow the visual field), overfocused vision is quickly becoming the normal use of the visual sense.
Peripheral vision and focal vision are processed by different areas of the brain. Peripheral vision perceives context, movement, and the whole, and is processed in the brain stem and subcortical areas. Focal vision perceives detail, narrow focus, and color and is processed in the cortex. Peripheral vision has been called ‘postural vision’ and been shown to make balance (postural sway) more efficient.3 The use of the eyes has a direct effect on the foot. The more focal the vision, the more the weight of the body shifts towards the front and medial aspect of the foot. Peripheral vision without focus, on the other hand, brings the weight heelwards and towards the lateral arches. When focal and peripheral vision balance each other, weight tends to distribute throughout the body and the foot more evenly. This effect of vision on the distribution of weight on the feet can be felt quite easily. Find a place to stand where you have the possibility of a wide field of vision. Stand barefoot, to be able to feel your feet on the floor more easily. Pick a point out ahead and focus on it with a very hard focus and notice what happens to the weight on your feet. Then contrast this with what happens when you allow your vision to soften and take in the whole, wide visual field, without focusing on anything in particular.
When focal vision overpowers peripheral vision, vestibular function is inhibited and the effects of this show up throughout the entire body, appearing as patterns of bracing and rigidity in the legs, loss of the gravity line through the head and neck, and changes in gait and stride length. Thus, consideration of the foot must be taken in the context of the larger gravity-orienting tripod (feet, eyes, vestibular system) to which it belongs.
Conclusion
The foot is a complex and fascinating structure. In the study of the foot, the border between biomechanics and movement quickly becomes meaningless. The foot is formed by the way that it is used, and the way that it is used is a reflection of all the factors that contribute to human movement, from the mechanical and structural level to the psychobiological level. Likewise, the preferences and fixations that appear in the foot have effects throughout the whole body. In this sense, the foot brings us inevitably back to one of Dr. Rolf’s statements:
I’m dealing with problems in the body, where there is never just one cause. I’d like you to have more reality on the circular processes that do not act on the body, but that are the body. The body process is not linear, it is circular; always, it is circular. One thing goes awry and its effects go on and on and on and on. A body is a web, connecting everything with everything else.4
Endnotes
1. Levisalle, Nathalie, “Dame Kikuyu a le Fardeau Leger.” Le Monde, June 13, 1995.
2. Brandt, Thomas and Marianne Dieterich, “The Vestibular Cortex, Its Location, Functions and Disorders.” Department of Neurology Klinikum Grosshadern, Ludwig Maximillians University, Munich, [NEED LINK]
3. Berencsi, Andrea, Masami Ishihara, and Kuniyasu Imanaka, “The Functional Role of Central and Peripheral Vision in the Control of Posture.” Human Movement Science, 24, 2005, pp. 689-709.
4. Feitis, Rosemary (ed.), Ida Rolf Talks About Rolfing and Physical Reality. NY: Harper and Row, 1978, pg. 69.